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Aprendizados para cuidar melhor do seu coração

Para o Dia Mundial do Coração, o GE HealthCare Reports entrevistou o presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), o cardiologista e cardiologista intervencionista Dr. Ricardo Costa, trazendo detalhes que levam a vida melhor e mais saudável a partir da atenção e cuidado adequado ao órgão mais vital do corpo humano. 

 

Homem de terno e gravataDescrição gerada automaticamente

Dr. Ricardo Costa 

No contexto do Dia Mundial do Coração, que ocorre neste 19 de setembro, convidamos o Dr. Ricardo Costa, cardiologista intervencionista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e presidente da SBHCI, para compartilhar detalhes sobre as principais doenças cardíacas e como evitá-las, além de dicas de como manter o seu coração saudável. 

 

 

Quais as principais atribuições de um cardiologista e em quais segmentos ele pode atuar? 

O cardiologista é um médico especializado nos cuidados de saúde nas doenças do coração e do sistema cardiovascular. É um profissional formado em medicina, com formação clínica e especializado em cardiologia. Todas as patologias adquiridas ou congênitas, ou seja, nascidas com a pessoa, ligadas ao coração e ao sistema cardiovascular são tratadas por esse profissional. Ele também pode se subespecializar e atuar em várias áreas que compõem as subespecialidades, dentro da cardiologia. Algumas delas são clínicas como: hipertensão, doença coronária, valopatias, cardiopediatria, cardiogeriatria, arritmias e emergências; outras envolvem métodos diagnósticos por imagem como ecocardiografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética cardíaca; e existem também as invasivas como a cardiologia intervencionista e a eletrofisiologia. 

 

Em quais situações o paciente deve procurar um cardiologista? 

As doenças do coração, dentre as cardiovasculares, são as que mais matam no mundo e entre elas a mais letal é o infarto. Por esse motivo, o recomendado é que, a partir principalmente da quarta década de vida, quando a incidência começa a aumentar, o paciente procure fazer avaliação de risco e realize eventualmente check-ups com o cardiologista. Isso falando de pessoas assintomáticas. Pessoas que têm alguma suspeita de doença cardíaca, sinais e/ou sintomas relacionados ao coração, devem procurar um profissional com brevidade. Para todas as doenças cardíacas, de maneira geral, o diagnóstico precoce viabiliza um tratamento mais assertivo e eficaz. Posso dar um exemplo muito comum: mulheres costumam ir ao ginecologista todos os anos e isso é muito importante. Mas, as doenças que mais matam as mulheres são as relacionadas ao coração e, raramente, são feitas avaliações regulares e preventivas com o cardiologista. Fora do período da menopausa, as doenças cardíacas como a doença coronária e o infarto não são tão frequentes nas mulheres, uma vez que os hormônios a protegem de certa forma. Entretanto, após a menopausa, é essencial a realização de avaliações regulares, pois os números aumentam consideravelmente. 

 

Quais são as principais doenças cardíacas e as de maior incidência na população brasileira? 

A principal, em termos de incidência, é a chamada “pressão alta”, ou a hipertensão arterial sistêmica. Por ser uma doença crônica e comumente silenciosa no seu início, ainda é bastante sub-diagnosticada e sub-tratada. Podemos citar também a aterosclerose, que é o processo de acúmulo de placas de gordura nas artérias e, quando essa placa chega a obstruí-la totalmente, é causado o infarto. Estima-se algo em torno de 350.000 a 400.000 mortes por doenças cardiovasculares por ano no Brasil e o infarto cardíaco representa próximo de metade dessas ocorrências. As doenças das válvulas do coração também têm forte incidência no país, assim como algumas doenças congênitas. Poderia, também, citar as arritmias cardíacas (quando o coração bate de forma irregular), a hipertrofia do coração (que, a grosso modo, seria um coração musculoso) e a miorcardite (que é a inflamação do miocárdio ou músculo do coração, geralmente causada por uma infecção viral — muito falada por consequência do Covid-19). 

 

Quais delas têm um número considerável de casos que poderiam ser evitados pelos próprios pacientes? Como evitá-las? 

O número de casos que podem ser evitados é muito grande. Temos o fator genético que é inegável. Se você teve o pai ou a mãe que infartou jovem, é importante que tenha um acompanhamento médico frequente e cuidadoso, pois a genética cria um ambiente propício para a doença se desenvolver de forma mais rápida e agressiva. A idade também é um ponto de alerta, pois, em situações normais, a chance de uma pessoa de 70 anos sofrer um infarto é muito maior que uma de 30, por exemplo. Mas os hábitos saudáveis também são essenciais. O cigarro é um grande inimigo do coração, assim como a alimentação com excesso de gordura e a alta ingestão de alimentos processados — a alimentação saudável tem grande impacto na prevenção do infarto, em especial. Sedentarismo, obesidade, diabetes, colesterol, pressão alta e stress são causas e gatilhos para acelerar o processo das doenças cardíacas. 

 

Quais os principais hábitos saudáveis na prevenção de doenças do coração? 

Acho que a principal dica e que resume todas as outras é: tenha uma vida equilibrada, evitando excessos. Atividade física regular praticada dentro dos níveis fisiológicos é muito benéfica. Importante abolir o cigarro e drogas ilícitas e evitar bebidas alcóolicas. Uma curiosidade é que já tem sido observada em estudos científicos que pessoas que buscam o melhor equilíbrio familiar e espiritualidade são menos propensas a eventos cardíacos e lidam melhor com as consequências da doença. Então, o equilíbrio é importante em todos as dimensões e âmbitos da vida. 

 

Mito ou verdade: hereditariedade é a maior determinante para pacientes cardíacos? 

A hereditariedade se traduz em um ambiente propício para que eventuais condições ou doenças se manifestem. Elas podem se desenvolver ou não e isso vai depender de outros fatores. Mas, pessoas com esse agente facilitador devem estar ainda mais atentas. 

 

Quais os avanços mais recentes da ciência, relacionados ao coração? 

São muitos. O principal avanço que posso citar são os tratamentos minimamente invasivos, por métodos percutâneos com cateteres, que hoje resolvem boa parte dos problemas coronários, congênitos e estruturais. É incrível imaginar que um paciente possa tratar doenças graves e complexas do coração, permanecendo acordado, apenas com uma leve sedação, e voltar pra sua casa andando, após rápida recuperação ou mesmo no dia seguinte. Outro aspecto está relacionado ao diagnóstico precoce. Hoje já é possível fazer diagnóstico e certos tratamentos do coração enquanto a criança ainda está no útero, por exemplo. É muito importante, aqui, falarmos dos exames de imagem. O avanço na qualidade dessas imagens é muito rápido, permitindo cada vez mais os diagnósticos precoces e assertivos, com extrema precisão. 

 

Muito se falou sobre sequelas cardíacas, relacionadas a Covid-19. O que se sabe hoje sobre elas e quando um paciente de Covid-19 deve procurar um cardiologista? 

Pacientes que tiveram problemas do coração diagnosticados devido a Covid-19, devem manter o acompanhamento médico, pelo menos numa fase inicial. Não sabemos ainda como será a evolução tardia das doenças cardíacas relacionadas ao vírus e ter um médico de confiança orientando e avaliando é essencial. 

 

Qual a importância dos exames de imagem, para um diagnóstico cardíaco preciso? 

Os exames de imagem são peças fundamentais para diagnósticos e tratamentos. Em algumas patologias, esse tipo de exame acaba sendo determinante até mesmo para a vida do paciente que pode estar na iminência de um evento grave. 

 

Quais equipamentos você utiliza em seus diagnósticos e como, por meio deles, você encontra o tratamento mais assertivo? 

Minha subespecialidade é a cardiologia intervencionista e, no meu dia a dia, utilizo equipamentos de hemodinâmica em salas de cateterismo. Ademais, equipamentos de eletrocardiograma, ecocardiografia e de ultrassom vascular fazem parte do nosso dia a dia. Mas todos são muito importantes e fazem parte da rotina de qualquer avaliação cardíaca. 

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